A palavra Amo-te
- Palavras de Sol

- 10 de jul. de 2021
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O Amo-te caiu em descrédito.
Por banalizado.
Em bocas de adolescentes de 15 anos, em êxtase na primeira e 'última' paixão.
Em lábios mais velhos, entre vagas de arrebatamentos tardios, desesperados, ansiosos por se ouvirem e serem ouvidos.
Em torrente, já sem sentido, porque sim, faz parte, fica bem, mesmo quando já não se fica bem com o amado.
O Amo-te é piroso.
Por ser Amor lusitano.
Dito em português de Pessoa.
Que não tem a denguice do português do Caetano. Que deixa envergonhado um I love you, british, carregado de certeza.
Que não toca o savoir faire do Je t'aime, proclamado nas margens do Sena, Notre Dame em pano de fundo.
O Amo-te é âncora que afunda, não raras vezes, o navio.
Ecoa no ar, é leve, sendo pesado.
Por dito num mês, ser desdito passados três. De mar calmo que embala cada onda, a tempestade que faz ranger as madeiras, estala o casco e derruba o mastro. O mar vira, sem aviso. E o Homem revira-se. Passa-se de Amor a Desamor. Não te amo. Desamo-te. E dessamarra-me. O que antes nos dava liberdade, agora suga-nos o ar.
Apesar, diz-se muito. Com convicção. E ouve-se. Muito. Muitas vezes, versão 'resposta tem que ser.' Outras, em pura serenidade.
Um Gosto mesmo muito de ti é escasso. Por longo nas suas cinco palavras.
Um Amo-te impacta, curto nas suas cinco letras. Uma palavra, a uma pessoa.
Um. Unicidade.
O Amo-te vence.
Sentimo-nos imortais quando ouvimos Amo-te de quem amamos. Imortais numa história. A nossa. Da nossa vida. Nada mais interessa.

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